RESENHA
Perder alguém que amamos nunca é
algo fácil. Saber que essa pessoa não existe mais no mundo dos vivos, que nunca
poderemos vê-la novamente, ouvir o timbre de sua voz, o calor de um abraço,
isso dói. Dói profundamente na alma, como se um pedaço do nosso coração
estivesse sendo destruído para sempre. Mas a morte é algo inevitável, estamos
vivos nesse mundo apenas de passagem, todos temos o nosso tempo de vida, por
mais que tragédias encurtem esse tempo, uma hora a morte chegará para todos.
A vida é algo tão frágil, mas tão
belo em sua forma, que chega a ser inacreditável quando sabemos que alguém teve
a coragem de cometer suicídio. Não sabemos o que passa nos corações de quem
decide acabar com a própria vida, mas não é uma decisão aceitável. Os problemas
podem surgir, as dificuldades, a tempestade, porem estar vivo é um milagre e as
pessoas deveriam agradecer por isso.
“Claro, não faz sentido ficar brava. É improdutivo. Eles ainda não entendem. Que estão esperando por aquele telefonema que mudará tudo. Que cada um vai acabar se sentindo como eu. Porque alguém que eles amam vai morrer. É uma das certezas mais cruéis da vida.” (Página 21)
Em O último adeus somos
apresentados a Lex (Alexis), uma jovem de 18 anos que está passando por um dos
piores momentos da vida de uma pessoa; a perda de alguém que amamos.
“Eu contei a ele sobre o buraco em meu peito. Sobre como tenho a impressão de que vou morrer nas vezes em que o buraco aparece. Que estou morrendo de medo que esses momentos aconteçam cada vez mais, e de que eles durem cada vez mais tempo, até que eu só sinta o buraco, e então, talvez ele me engula para sempre.” (Página 43)
Como uma forma de expressar os
seus sentimentos que estão presos em uma cascata de fortes emoções, Dave, seu
terapeuta, aconselha Lex a escrever um diário. Pensar em um destinatário
qualquer, e contar tudo o que aflige o seu coração. Tyler, seu irmão dois anos
mais novo, cometeu suicídio há sete semanas, e com isso toda a felicidade de
Lex morreu com ele.
“O tempo passa É a regra. Independentemente do que aconteça, por mais que pareça que tudo em sua vida está congelado em um determinado momento, o tempo segue em frente.” (Página 164)
Um turbilhão de acontecimentos
que uma garota de 18 anos ainda não tem forças suficientes para enfrentar,
abalam profundamente a vida de Lex. A perda do irmão não está sendo nem um
pouco fácil de tolerar, o divórcio dos pais ainda é algo que a machuca
profundamente, a pressão das provas para entrar na faculdade de seus sonhos, e
os problemas com Limão, seu carro velho que sempre dá algum problema.
Viver não é fácil, mas para Lex
tem sido uma experiência profunda e lamentável. A enorme onda de tristeza e dor
que parece afogá-la diariamente é algo que se transforma em um desafio a cada
raiar do sol.
“Essa coisa toda tem me prejudicado, penso. Sou uma tábua exposta à chuva, é impossível me desempenar. Agora sou assim, retorcida.” (Página 189)
Em meio a tanto sofrimento, Lex e
sua mãe passam a sentir a presença de Tyler em casa. O cheiro da colônia preferida
dele, passos no corredor, e vultos. Seria apenas o reflexo da dor de ambas ou
algo a mais? A saudade é tão forte ao ponto de fazer as pessoas enxergarem algo
que não existe mais?
“Deve haver uma regra geral idiota do universo de que independentemente do que aconteça, por mais que as coisas fiquem ruins, tudo vai ficar bem no fim.” (Página 267)
Bom meus caros, essa não foi uma leitura
fácil. A dor e a melancolia das páginas praticamente me envolveram ao longo de
toda a história. Só conseguia me colocar no lugar da Lex e pensar o que seria
da minha vida se perdesse a minha irmã mais nova. Meu coração foi tomado pela
tristeza várias e várias vezes e sempre fechava o livro para respirar e acalmar
os ânimos.
O último adeus é um livro forte sobre o que as
pessoas fazem depois da morte de alguém. A vida continua seguindo o seu curso e
precisamos aprender com ela. Mas fácil não é, nunca é. A dor nos engolfa de tal
maneira que ficamos parados no tempo.
Detalhes
Páginas: 352
Editora: DarkSide Books
Skoob
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